Hoje deparei-me com um artigo que espelha tudo o que penso
sobre estas novas gerações e sobre a educação que lhes damos - A educação
moderna criou adultos que se comportam como bebês.
Bem escrito e bem fundamentado com estudos científicos e
relevantes resume numa palavra o problema das novas gerações – Narcisismo – Qualidade
de quem gosta de ou admira exageradamente a sua própria imagem.
O artigo começa por referir-se ao discurso que o
professor de inglês David
McCullough Jr. Realizou na cerimónia
de formatura na Wellesley High School, em Massachusetts nos Estados Unidos,
que ao contrário do esperado numa cerimónia deste cariz ao invés de felicitar os
alunos começa por dizer que estes não são especiais, aliás repete 13 vezes que
eles não são especiais, são especiais para os seus pais mas não para o mundo.
Não poderia concordar mais, acho indecente esta mania de
dizerem às crianças que eles são os melhores do mundo, que são especiais e que
merecem tudo.
Criamos crianças egocêntricas, narcisistas que serão adultos
desajustados e frustrados, se a meu a ver, em Portugal este mimo excessivo aos
filhos é algo relativamente recente com 15, 20 anos talvez, pelo menos de forma
generalizada, em outros países como os Estados Unidos isso acontece há várias
gerações o que se tornou num flagelo cultural já que em adultos estas crianças
não conseguem integrar na sociedade, não conseguem manter os empregos, nem
concretizar projetos, nunca estão satisfeitas e não conseguem lidar com as
dificuldades da vida.
Agradeço aos meus pais por nunca me terem gabado, aliás
recordo-me de uma conversa com a minha mãe sobre o assunto depois de termos
feito uma viagem de autocarro em que apareceu uma amiga da mãe com a filha, 1
ano mais nova que eu, a senhora foi o caminho todo a contar os feitos da filha,
a gabar-lhe a inteligência e a beleza que não eram extraordinárias, em termos
de beleza não opinei nunca gostei de elogios gratuitos a isso, mas no fim da
viagem perguntei à minha mãe porque não disse que eu tinha notas muito
superiores às da outra menina e porque não disse que eu era inteligente, já que
ela apenas disse que eu era rebelde mas que nas aulas me portava bem.
A minha respondeu-me que não deveríamos entrar em
comparações com os outros, deveríamos sim lutar para sermos bons por nós próprios.
Que era feio gabarmo-nos e que não achava correto os pais gabarem-se tanto dos
filhos especialmente sendo eles ainda tão pequenos, e que para além disso tudo
nem toda a gente tem a sorte de nascer bonita e inteligente.
Na altura fiquei um bocadinho chateada com ela parecia que
ela não tinha orgulho em mim, já que era frequente eu tirar notas excelentes e
ela dizer apenas que estava a fazer bem o trabalho que era estudar, só me
lembro de ela me dar os parabéns duas vezes, quando ganhei um concurso de
caligrafia na 3ª classe e quando ganhei um prémio de melhor aluna do 5º ano,
que curiosamente premiava a relação entre duas boas notas e boas relações com
os colegas de turma, votavam professores e colegas.
E claro quando entrei na faculdade e quando terminei o curso
ficou em ambas as situações extramente feliz.
Segundo o texto do artigo existem três tipos de pais os autoritários,
os permissos e os competentes que têm autoridade. Não posso afirmar que os meus
pais foram competentes, especialmente o meu pai era mais o estilo autoritário quando
ele falava simplesmente as coisas tinham de ser como ele queria, já a minha mãe
andou mais próxima do estilo competente já que negociava connosco e nunca nos
deu os parabéns por coisas que simplesmente eram normais e naturais nós
fazermos, mas tinha os seus momentos autoritários, a minha educação de
permissiva teve pouco, os limites eram bem definidos e se os ultrapassávamos existiam
consequências, uma corretivo ou um castigo. Se ultrapassei muitas vezes esses
limites? Muitas. Era rebelde e saí várias vezes da linha e sofri as consequências,
nunca tomei caminhos menos bons porque conhecia igualmente bem os limites que
me imponham como os limites do certo e do errado, daquilo que apesar de ser
proibido não teria consequências graves daquilo que teria consequências irreversíveis.
Ao imporem-nos limites ajudam-nos a ver outros limites, a
construir os nossos próprios limites, brincava que me fartava, andava à pancada
no recreio e não levava desaforo para casa, mas na sala de aula procurava estar
sempre atenta e fazer o que me era pedido da melhor forma que conseguia. Na adolescência
tive os meus momentos, experimentei tabaco, álcool (apesar de a partir do dia em
que me disseram que antes dos 16 anos o nosso fígado não processava o álcool e
por isso queimava os neurónios eu esperei ter 16 anos até voltar a beber, não queria
ser burra), no secundário faltei a algumas aulas, fazia um controlo das faltas
para não reprovar por faltas injustificadas e falsifiquei várias vezes a
assinatura da minha mãe não por medo de mostrar os testes que eram quase sempre
bons, mas por esquecimento.
Não vou mentir algures entre os 18 e os 20 atrasei a minha
vida porque privilegiei as saídas, as noitadas, as conversas e as tardes com os
amigos, deveria ter gerido melhor o tempo, estava mal habituada a faculdade não
é a mesma coisa que o secundário em que se passa sem grande problemas. Mas lá
recuperei o rumo, comecei a gerir melhor o tempo e não houve consequências de
maior.
Tudo isto para dizer que se não impusermos limites às
crianças, se as elogiarmos em demasiada e não as deixarmos definir os seus próprios
objetivos e limites teremos adultos que se comportarão como bebés, que farão
uma birra quando não conseguirem o seu emprego de sonho, não conseguirem uma
promoção em 2 anos, quando ganharem menos do que acham que merecem, quando
virem que têm amigos que têm uma casa, um carro e roupas melhores, quando virem
que têm um amigo que tem mais amigos no Facebook e mais seguidores no Instagram.
Serão uns frustrados porque há sempre quem tenha uma vida melhor do que a nossa
especialmente se regularmos o nosso bem-estar por bens materiais e
reconhecimento em vez que sermos felizes por nós próprios e fazermos o melhor
com as capacidades e oportunidades que temos ou lutamos para ter.
Infelizmente tenho que concordar contigo que falta muita educação (daquela bem dada) à maioria das crianças, mas também tenho a dizer que muitas são bem educadas e sabem destingir o certo do errado! Há de tudo neste país! Também concordo em tudo com o último parágrafo do teu texto!
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